quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cultura do Salão - Módulo sete -


Neoclássico
As principais características do neoclassicismo são:

Academismo: nos temas e técnicas, isto é, sujeição aos modelos e regras ensinadas nas escolas ou academias;
Harmonia do colorido nas pinturas e exactidão de contornos;
Restauração da arte greco-romana;
Arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles.

O neoclassicismo é um movimento artístico que, a partir do final do século XVIII, reagiu ao barroco e ao rococó, e reviveu os princípios estéticos da antiguidade clássica, atingindo sua máxima expressão por volta de 1830.

Não foi apenas um movimento artístico, mas cultural, reflectindo as mudanças que ocorrem no período, marcada pela ascensão da burguesia. Essas mudanças estão relacionadas ao racionalismo de origem iluminista, a formação de uma cultura cosmopolita e profana;A pregação da tolerância; a reacção contra a aristocracia e a Revolução Industrial inglesa.Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as sociais, com a revolução francesa, a arte deveria tornar-se eco dos novos ideais da época: subjectivismo, liberalismo, ateísmo e democracia. Esses foram os elementos utilizados para reelaborar a cultura da antiguidade clássica, greco-romana.
No século XVIII, as rápidas e constantes mudanças acabaram por dificultar o surgimento de um novo estilo artístico. O melhor seria recorrer ao que estivesse mais à mão: a equilibrada e democrática antiguidade clássica. E foi assim que, com a ajuda da arqueologia (Pompeia tinha sido descoberta em 1748), arquitectos, pintores e escultores logo encontraram um modelo a seguir. Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza, mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. A imagem das cidades mudou completamente. Derrubaram-se edifícios e largas avenidas foram traçadas de acordo com as formas monumentais da arquitectura renovada, ainda existente nas mais importantes capitais da Europa.


Na arquitectura percebe-se melhor os novos ideais que se desenvolvem na Europa. De uma forma geral foi marcada pela simplicidade, sendo que em alguns casos percebe-se maior influência romana, com obras marcadas pela severidade e monumentalidade; e em outros casos se sobressaem as características gregas, com maior graça e pureza.

No fim do século XVII, inicia-se em países como a França e a Inglaterra um movimento artístico sob a influência do arquitecto Palladio (palladianismo), que mais tarde, em pleno século XVIII, com a revolução francesa, acabaria se estendendo por toda a Europa, sob o nome de classicismo. A arquitectura barroca não tinha tido grande repercussão nesses países. Um exemplo disso é a rejeição ao projecto de Bernini para o palácio do Louvre, considerado italiano demais.

Assim, pode-se falar, principalmente na França, de um segundo renascimento da antiguidade. As últimas igrejas construídas persistiam na dinâmica do gótico, tornando-se indispensável uma renovação. Entretanto, seus arquitectos não estavam dispostos a prosseguir dentro da estética empolada e amaneirada do barroco. Os fundadores da jovem ciência da arqueologia proporcionaram as bases documentais dessa nova arquitectura de formas clássicas.

Surgiram assim os edifícios grandiosos, de estética totalmente racionalista: pórticos de colunas colossais com frontispícios triangulares, pilastras despojadas de capitéis e uma decoração apenas insinuada em rosetas e frisos de meandros. As cidades tiveram de se adaptar a essas construções gigantescas. Desenharam-se largas avenidas para abrigar os novos edifícios públicos, academias e universidades, muitos dos quais conservam ainda hoje a mesma função.

Os escultores neoclássicos foram marcados pelo rigor e pela passividade e sua produção academista é considerada fria.Estátuas de heróis uniformizados, mulheres envoltas em túnicas de Afrodite, ou crianças conversando com filósofos, foram os protagonistas da fase inicial da escultura neoclássica. Mais tarde, na época de Napoleão, essa disciplina artística se restringiria às estátuas equestres e bustos focalizados na pessoa do imperador. A referência estética foi encontrada na estatuária da antiguidade clássica, por isso as obras possuíam um naturalismo equilibrado.

Respeitavam-se movimentos e posições reais do corpo, embora a obra nunca estivesse isenta de um certo realismo psicológico, plasmado na expressão pensativa e melancólica dos rostos. A busca do equilíbrio exacto entre naturalismo e beleza ideal ficava evidente nos esboços de terracota, nos quais os volumes e as variações das posições do corpo eram estudados com cuidado. O escultor neoclássico encontrou o dinamismo na subtileza dos gestos e suavidade das formas.
Quanto aos materiais utilizados, os mais comuns eram o bronze, o mármore e a terracota, embora, a partir de 1800, o mármore branco, que permitia o polimento da superfície até a obtenção do brilho natural da pele, tenha adquirido preponderância sobre os demais. Entre os escultores mais importantes desse período destacam-se o italiano Antonio Canova, escultor exclusivo da família Bonaparte, e o dinamarquês Bertel Thorvaldsen, que chegou a presidir a Accademia di San Lucca, em Roma.

Foi a expressão menos desenvolvida do neoclassicismo. De uma forma geral caracterizou-se pela exaltação de elementos mitológicos ou pela celebração de Napoleão. As figuras pareciam fazer parte de uma encenação teatral e eram desenhadas numa posição fixa, como que interrompidas no meio de uma solene representação. Na pureza das linhas e na simplificação da composição, buscava-se uma beleza deliberadamente estatuária. Os contornos eram claros e bem delineados, as cores, puras e realistas, e a iluminação, límpida.

As figuras eram rígidas, sem vida, e os rostos, completamente sem expressão, simulavam máscaras das antigas tragédias gregas. As túnicas e capas caíam em dobras pesadas e angulosas, cobrindo as formas do corpo. Um enquadramento arquitectónico fechava a composição atrás e nos lados. A função narrativa era interpretada como uma gélida encenação. O facto histórico subordinava-se à teatralização, à captação de um momento já morto.Grande parte dos críticos destaca as obras de Jacques-Louis David como a principal excepção, marcada pela energia e pelo realismo, que canalizam a exaltação do heroísmo para figuras variadas do mundo em que vive, não reproduzindo portanto a exaltação de Napoleão.

Pouco depois surgiria o romantismo, carregado de paixão e liberdade. Alguns artistas neoclássicos trilharam caminhos próximos à temática romântica, como Ingres, ou finalmente aderiram ao novo movimento, como fez Gericault. Em certos momentos, quando compartilham o gosto pelos temas exóticos e patrióticos, se não fosse a linha limpa de uma contra o traço carregado de tensão da outra, seria difícil estabelecer um limite claro entre os discursos das duas correntes artísticas.

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